Nenhum governo resolve os problemas dos aeroportos

Nenhum governo resolve os problemas dos aeroportos

As concessões de aeroportos no Brasil foram apresentadas como uma solução para modernizar a infraestrutura e melhorar o atendimento ao público. Porém, para a pessoa comum, a realidade tem sido bem diferente. Em vez de benefícios, as concessões muitas vezes trazem tarifas abusivas, serviços insatisfatórios e atrasos em obras prometidas.  

O cenário das concessões no Brasil

Desde 2011, mais de 40 aeroportos foram concedidos à iniciativa privada, incluindo alguns dos mais movimentados do país, como Guarulhos (SP), Galeão (RJ) e Confins (MG). A promessa era clara: investimentos robustos, modernização dos terminais e serviços de qualidade. No entanto, em muitos casos, o resultado ficou aquém das expectativas.  

De acordo com o Tribunal de Contas da União (TCU), apenas metade dos compromissos assumidos pelas concessionárias foi cumprida até 2023. Entre as falhas mais recorrentes estão atrasos em obras de ampliação, problemas no atendimento ao cliente e tarifas aeroportuárias que não param de crescer.  

Galeão (RJ): o abandono pela concessionária

O Aeroporto Internacional Tom Jobim, um dos mais importantes do país, viveu um verdadeiro caos em sua concessão. A concessionária RIOgaleão, que assumiu o terminal em 2014, devolveu o contrato em 2022 alegando dificuldades financeiras e queda no movimento de passageiros durante a pandemia. Enquanto isso, obras de ampliação foram abandonadas e o atendimento ao público se deteriorou. Para a pessoa comum, que paga altas tarifas de embarque, o aeroporto continua longe de ser o “hub” internacional prometido.  

Viracopos (SP): dívidas e recuperação judicial

Outro exemplo é o Aeroporto de Viracopos, em Campinas, que entrou em recuperação judicial em 2018. Apesar de ser um dos terminais mais modernos do Brasil, o modelo de concessão  gerou problemas financeiros graves à operadora, prejudicando os investimentos prometidos. O impacto foi sentido diretamente pelos usuários, com serviços limitados e a sensação de que a modernização não trouxe os benefícios esperados.  

Guarulhos (SP): tarifas exorbitantes

No Aeroporto de Guarulhos, o maior do Brasil, os problemas também afetam a pessoa comum. As tarifas de embarque dispararam nos últimos anos, tornando-o um dos aeroportos mais caros do mundo para passageiros. Apesar das melhorias na estrutura, os custos elevados tornam a experiência de viajar pelo terminal inacessível para muitas pessoas.  

Impactos para a pessoa comum

As concessões deveriam facilitar a vida dos usuários, mas, na prática, geram mais problemas, principalmente com aumento de tarifas. As taxas de embarque subiram cerca de 125% desde o início das concessões, segundo dados da Associação Brasileira das Empresas Aéreas (Abear).

A desigualdade no atendimento também é uma questão visível. Enquanto aeroportos maiores recebem investimentos, terminais regionais ficam abandonados, dificultando o acesso de quem mora longe dos grandes centros.

Falta de fiscalização! A Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), responsável por regular o setor, muitas vezes não consegue garantir que as concessionárias cumpram seus contratos.  

O que está errado nas concessões?

O modelo adotado pelo Brasil prioriza o lucro das concessionárias em detrimento da qualidade dos serviços. Em outros casos, a modelagem feita não para em pé e as empresas acabam ficando com o pepino na mão.

Além disso, a fiscalização é insuficiente, permitindo que problemas se acumulem. Para a pessoa comum, a sensação é de que o dinheiro público e os impostos estão sendo mal utilizados, enquanto o cidadão paga caro por um serviço que deveria ser básico.  

Hora de cobrar mudanças

As concessões de aeroportos precisam ser revistas. Mais do que promessas de modernização, é necessário que o governo e as concessionárias coloquem a pessoa comum no centro das prioridades. Isso inclui garantir tarifas justas e acessíveis; cumprir os compromissos com obras e investimentos; e melhorar a fiscalização e penalizar concessionárias que não cumprem suas obrigações.  

Até lá, a gente continuará pagando caro para viajar em um sistema que promete muito, mas entrega pouco. É hora de exigir transparência, responsabilidade e compromisso real com o público.  

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