O preço da energia elétrica não para de subir

O preço da energia elétrica não para de subir

Todo mês, quando a conta de luz chega, a reação é a mesma: espanto e indignação. O aumento constante no preço da energia elétrica no Brasil é um reflexo de uma cadeia de problemas que vão desde a má gestão pública até a falta de investimentos no setor. E, como sempre, quem paga o preço é a pessoa comum, que luta para equilibrar as contas diante de um serviço essencial que pesa cada vez mais no orçamento.  

Quanto estamos pagando?

De acordo com a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), a tarifa média de energia elétrica no Brasil subiu 140% nos últimos dez anos, enquanto a inflação oficial (IPCA) no mesmo período foi de 83% (dados do IBGE). Isso significa que o custo da energia cresce em um ritmo muito maior do que a capacidade financeira da maioria das famílias.  

Em 2024, a média nacional da tarifa foi de R$ 0,91 por kWh, colocando o Brasil entre os países com a energia elétrica mais cara do mundo. Para a pessoa comum, que já enfrenta um custo de vida elevado, isso representa cortes em outras áreas essenciais para conseguir pagar a conta de luz.  

Por que a energia está tão cara?

As razões para o aumento da energia elétrica são muitas, mas todas têm algo em comum: falta de planejamento e má gestão.

– Dependência de hidrelétricas: Apesar de serem fontes renováveis, as hidrelétricas tornam o sistema vulnerável a períodos de seca, obrigando o uso de usinas termelétricas, que são muito mais caras e poluentes.

– Encargos e impostos: Cerca de 40% do valor da conta de luz corresponde a impostos e encargos, segundo o Instituto Acende Brasil. Esses tributos, muitas vezes criados para financiar melhorias no setor, acabam sendo usados para outros fins.  

– Privatizações mal planejadas: A venda de estatais e concessões para o setor privado, sem regulamentações adequadas, priorizou o lucro das empresas em vez de garantir tarifas acessíveis para a população.  

– Perdas e furtos de energia: Estima-se que 15% da energia gerada no Brasil seja perdida ou furtada, um prejuízo que acaba sendo repassado para a conta de quem paga corretamente.  

Impacto na vida da pessoa comum

Para muitas famílias, o aumento da energia significa cortes drásticos no orçamento. Segundo a Associação Brasileira de Defesa do Consumidor (Proteste), mais de 60% dos brasileiros já precisaram reduzir o consumo de outros itens básicos, como alimentos, para pagar a conta de luz.  

Pequenos empreendedores também sofrem com tarifas altas, que comprometem a rentabilidade de seus negócios. Enquanto isso, programas de energia solar, que poderiam aliviar o peso da conta para muitas pessoas, ainda são inacessíveis para a maioria devido ao custo inicial elevado e à falta de incentivos mais amplos.  

A Aneel e o papel das concessionárias

A Agência Nacional de Energia Elétrica, responsável por regular o setor, enfrenta críticas pela falta de fiscalização e pelo alinhamento com os interesses das concessionárias. Recentemente, a Aneel autorizou novos reajustes tarifários que beneficiaram empresas, enquanto a pessoa comum continua sem ver melhorias no serviço.  

Além disso, grandes empresas conseguem negociar tarifas mais baixas diretamente com fornecedores, deixando o peso maior para consumidores residenciais e pequenos negócios. É o clássico exemplo de “lucro para poucos, prejuízo para muitos”.  

Hora de cobrar responsabilidades

O aumento da energia elétrica é mais um exemplo de como a pessoa comum paga o preço da má gestão pública e privada. É hora de exigir transparência, redução de tarifas abusivas e investimentos que realmente beneficiem a população.  

Enquanto isso, seguimos denunciando e cobrando. Porque a energia elétrica não é um luxo, é uma necessidade básica — e ela precisa ser tratada como tal. 

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